A distribuição de renda no Brasil é
um dos mais graves problemas sociais e culturais que precisa de uma atenção
especial de todos nós. A desigualdade entre os que têm e os que não têm,
aumenta cada vez mais. O assunto é muito sério, para deixarmos apenas nas mãos
de políticos. Temos de nos envolver pessoalmente nesta matéria.
A desigualdade entre ricos e pobres
é uma questão de saúde psicológica em todos os países do mundo, segundo Richard
Wilkinson, professor e pesquisador inglês.
Para ele, as sociedades com uma
distribuição mais equitativa dos rendimentos têm saúde melhor, menos problemas
sociais como violência, abuso de drogas, gravidez indesejada entre
adolescentes, doença mental, obesidade, e outros.
Sua pesquisa chega a algumas
conclusões: a renda percapita baseada nos PIBs dos países não faz relações com
a qualidade de vida e de bem-estar das pessoas, antes, omite que a renda
econômica significa alguma coisa muito importante dentro de nossas sociedades;
quanto maior a desigualdade entre pobres e ricos menor é o desempenho das
crianças em matemática e alfabetização, crescem as taxas de mortalidade
infantil, de homicídios, de consumo de álcool e drogas, maior severidade na
aplicação das leis, menor capacidade de mobilidade social.
O gatilho para piorar as condições
de saúde mental da população mais pobre está relacionado às diferenças de renda
com os mais ricos.
A prosperidade social e econômica do
nosso País, neste sentido, depende da nossa saúde mental e de bem-estar. Em
relatório, a Organização Mundial da Saúde afirma: “Existem provas irrefutáveis
de que a desigualdade é uma das principais causas de estresse, e, o estresse
agrava as condições de lidar com a privação material”.
Wilkinson aponta para um dado muito
importante: “Como alguns países conseguem maior igualdade? A Suécia tem enormes
diferenças nos ganhos, mas estreita a lacuna através da alta taxação de
impostos, bem-estar geral provido pelo estado, benefícios generosos e assim por
diante. Entretanto, o Japão é bem diferente: começa com diferenças muito
menores nos ganhos salariais. Tem taxas de imposto menores. Tem provisão estatal
menor no bem-estar”. E, conclui: “O bom desempenho na diminuição da
desigualdade através da redistribuição, não importa muito como você consegue,
desde que você consiga de alguma maneira”.
O estresse provocado pela
desigualdade de renda leva algumas pessoas a se sentirem piores do que outras; deixa
a todos mais sensíveis a serem olhados com superioridade; gera desconfiança na
avaliação que as pessoas fazem umas das outas; intensifica a competição por
status; aumenta o medo dos julgamentos de desempenho social, que por sua vez,
suscita o sentimento de ameaça à autoestima.
“Isto significa que os pobres serão
menos capazes de desenvolver uma consciência de atividade, e, portanto, menos
eficazes no nível político. Sem esquecer que viver na pobreza é incrivelmente
estressante”, afirma Andrew Samuels, psicoterapeuta, professor de psicologia,
escritor e ativista político em seu “A psique política” (Rio de Janeiro: 1995,
p. 125).
(Sílvio
Lopes Peres – Psic. Clínico – CRP 06/109971 – Candidato a
Analista pela Associação Junguiana do Brasil (AJB/Campinas), filiada à IAAP –
International Association for Analytical Psychology (Zurique/Suíça) - Fones: (14) 99805.1090 / (14) 98137.8535)